quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Momento de oportunidades


Fonte: Folha de São Paulo


No primeiro semestre deste ano, a construção brasileira contratou mais 196,5 mil trabalhadores, segundo mostra a pesquisa mensal feita pelo SindusCon-SP em parceria com a FGV. Dados do Ministério do Trabalho apontam que outros 26 mil foram empregados em julho, ultrapassando a marca de 3 milhões de empregos formais, o dobro do contingente existente há 7 anos.
O indicador demonstra que o setor continua aquecido e será um dos responsáveis pelo crescimento do PIB brasileiro neste ano, mesmo que este sofra com a crise internacional.
Já era esperado que este crescimento fosse menor que no ano passado, quando no primeiro semestre a construção havia contratado 268 mil trabalhadores. É que 2010 foi um ano atípico: o produto do setor teve um incremento “chinês” de mais de 13% em relação a 2009, ano no qual a construção havia crescido cerca de 1%, apesar da crise.
Em 2011, o setor apresenta um ritmo de expansão que pode ultrapassar 5%. As obras já estão praticamente todas contratadas para este ano. Boa parte daquelas do ano que vem também. As obras são tanto do setor imobiliário como de infraestrutura, conjuntos esportivos, construção industrial e comercial, e habitação popular.
Estes dados comprovam que, mais uma vez, o setor terá um papel importante de mitigação dos efeitos de uma nova crise, gerando emprego e renda com a construção de habitação e infraestrutura.
De seu lado, o governo conta com os instrumentos financeiros já testados no início de 2009, e com uma boa dose de recursos na forma de depósitos compulsórios e reservas internacionais, para impedir que a economia brasileira sofra uma recessão.
Aliás, a crise é uma grande oportunidade para o Brasil baixar, a parâmetros mundiais, a taxa de inflação, bem como a taxa real de juros, que continua em patamar superior ao dobro da média mundial.
Sabemos que esta é uma equação delicada, por envolver a necessidade de o governo reduzir o déficit público sem descuidar do combate à inflação de um lado e, de outro, sem deixar de realizar os investimentos em infraestrutura, habitação, produtividade e formação de mão de obra.
Se o governo conseguir melhorar a qualidade do gasto público e mantiver sua disposição de não abrir mão do crescimento econômico e da inclusão social dos menos favorecidos, pode dar certo.
Dará ainda mais certo se prosseguirem as políticas voltadas a estimular o aumento da produtividade e da competitividade mediante uma desoneração de tributos e uma redução dos encargos sociais.
A chance de sucesso aumenta se também for mantido o louvável combate ao malfeito na administração do país. Como diz a presidenta Dilma Rousseff, a luta contra a corrupção não é apenas uma questão de ética, mas também de eficiência na utilização dos escassos recursos públicos.

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